23ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 10 de
dezembro de 1986.
Presidida pela Sra. Gladis Mantelli - 1ª Vice-Presidente.
Secretariada pelos Srs. Isaac Ainhorn - 1º Secretário e Antonio
Hohlfeldt - 2º Secretário.
Às 18h05min, a Sra. Gladis Mantelli assume a Presidência e solicita ao
Sr. 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para
verificação de “quorum”.
Responderam os Srs. Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt,
Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico
Barbosa, Getúlio Brizola, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac
Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Mano José, Mendes Ribeiro, Nei Lima, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Raul
Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco, Werner Becker e Wilson Santos.
A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão
Extraordinária, destinada a apreciação de matéria constante em Pauta.
A seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 2562 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
85/86, do
Ver. Pedro Ruas, que acrescenta artigo à Lei n.º 3790/73, para disciplinar o
número de passageiros transportados por táxis e dá outras providências.
PROC. 2551 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
84/86, do
Ver. Jaques Machado, que denomina Praça Jacob Edmundo Weissheimer um logradouro
público.
PROC. 2596 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 82/86, que autoriza o Município a
alienar imóvel de sua propriedade, com dação em pagamento, a Annita Vanário
Mistrello, Plínio Vanário Mistrello e Ismael Vanário Mistrello e dá outras
providências.
PROC. 2597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 83/86, que declara de utilidade
pública a Sociedade Metodista de Amparo à Infância - SOMAI.
PROC. 2606 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
88/86, do
Ver. Raul Casa, que denomina Rua Rubem Antonio da Silva um logradouro público.
3ª SESSÃO
PROC. 2546 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
83/86, do
Ver. Raul Casa, que denomina Rua Jair de Moura Calixto um logradouro público.
PROC. 2559 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 18/86, do Ver. Pedro Ruas, que modifica a Unidade Territorial Seccional
Intensiva 71; cria Área de Recuperação Urbana (Vila Chácara do Banco), e dá
outras providências.
PROC. 2573 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 80/86, que cria cargos no Serviço
Público Centralizado do Município e dá outras providências.
PROC. 2574 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 81/86, que autoriza o Município a
firmar Convênio com o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.
A SRA. PRESIDENTE: O primeiro inscrito é o
Ver. Isaac Ainhorn, que tem a palavra para discutir.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, para discutir, em Pauta, o PLL n.º 85/86, do Ver. Pedro Ruas. O
art. 1º do referido Projeto de Lei dá nova redação ao art. 15 da Lei 3970/73 -
permite que veículos de aluguel - táxis - possam transportar até quatro
passageiros. Consta, em seu § 1º, que para os veículos pequenos, categoria
táxi-mirim, o limite máximo é de três passageiros, definindo, inclusive, o
táxi-mirim como os veículos de duas portas com peso inferior a 801 Kg. No seu §
4º, o presente Projeto, que altera o art. 15 da Lei 3970/73, permite que os
veículos “táxi”, enquadrados no “caput” do art. 15, ou seja, aqueles que possam
transportar até quatro passageiros, possam ser equipados com aparelhos
taximétricos, com bandeiradas 1,2,3,4.
O que me preocupa aqui, exatamente, são os chamados táxis especiais,
que prestam serviços no Aeroporto Salgado Filho. Aliás, essa frota especial é
extremamente interessante e está permitindo um trabalho mais qualificado, mais
diferenciado, de melhor qualificação em relação aos serviços de táxis,
prestando serviços àquelas pessoas que chegam à nossa Cidade. São táxis
realmente diferenciados, de quatro portas, que podem carregar mais de três
pessoas. O que nos preocupa é que, pelas peculiaridades destes táxis, por serem
automóveis dotados de aparelhos de ar condicionado, tramita um pedido destes
taxistas de uma tarifa diferenciada com relação aos táxis comuns. Então, se
aprovado este Projeto, e temos que ter isso presente - como estamos em
discussão preliminar de Pauta, suscito esta questão -, estes táxis vão possuir
uma tarifa diferenciada. Eles reivindicam uma tarifa diferenciada ao lado desta
permissibilidade de usar aparelhos taximétricos de até quatro bandeiradas, o
que daria um aumento substancial. Então, se aprovado este Projeto de Lei, estes
táxis teriam uma sobretarifa. Teriam, além da tarifa especial, uma outra
tarifa, da bandeirada 4. É esta exatamente a preocupação que me traz o presente
Projeto de Lei, do Ver. Pedro Ruas, que acrescenta artigo à Lei 3970/73.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O que me preocupa basicamente, nobre Vereador, são
estes considerados carros-mirins, que têm a possibilidade de colocar um banco
na frente. É um problema que devemos analisar com mais profundidade. E,
certamente, isto acontecerá: a possibilidade de mais um passageiro no
táxi-mirim e a possibilidade de usar, também, as bandeiras 3 e 4.
O SR. ISAAC AINHORN: Em relação a esses
táxis-mirins, o Projeto de Lei define como táxi-mirim aquele que tenha peso
inferior a 801 Kg. Portanto, estariam enquadrados aqui os táxis-mirins -
Volkswagen, Fiat - que, nesta categoria, estariam impedidos de transportar
quatro passageiros.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O que me preocupa, Vereador, é que a linha Volkswagen
do Brasil acabou com o famoso Besouro, e a Fiat acabou com seu carro Fiat duas
portas. Então, não existe mais, a partir de agora, carro com duas portas. É
isso, nobre Vereador?
O SR. ISAAC AINHORN: É uma observação
extremamente interessante que faz V. Ex.ª em relação à eliminação desses
táxis-mirins, de duas portas, que criaria, quanto ao mérito desse Projeto,
alguns questionamentos. Acho extremamente profícuo este debate, exatamente
porque eu entendo que deveríamos pensar numa reformulação da legislação em
matéria de táxi, talvez mais abrangente do que simplesmente a alteração, a
mudança, a nova redação conferida ao art. 15. E até o art. 15, na nova redação,
diz: “Os veículos de aluguel poderão transportar até quatro pessoas,
excluindo-se crianças”. É, também, realmente dúbia a nova redação dada a esse
dispositivo legal. Portanto, a nossa preocupação, se aprovada essa
possibilidade do uso das bandeiras 1, 2, 3 e 4, em relação aos veículos que podem
transportar quatro passageiros, é no sentido de que desnecessária se torna uma
tarifa especial para os táxis que prestam serviço no aeroporto. Agora,
realmente, os táxis que prestam serviço no Salgado Filho são de uma categoria
diferenciada, pois, além de serem carros zero, eles têm algo que é fundamental,
ou seja, a existência do ar condicionado. Então, achamos que é correta a
existência de uma tarifa diferenciada em relação a esses carros. Em existindo
uma tarifa diferenciada, eles não podem se enquadrar na possibilidade do uso
das bandeiradas 3 e 4 prevista neste Projeto de Lei, pois isso seria um acúmulo
de reajuste, de diferenciação de tarifa em relação ao chamado táxi-mirim. Esta,
portanto, a nossa preocupação, mais precisamente em relação a este Projeto de
Lei de autoria do Ver. Pedro Ruas. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu chamo a atenção para o Proc. n.º 2559, PLCL n.º 18/86, do Ver.
Pedro Ruas, que modifica a Unidade Territorial Seccional Intensiva 71, cria
Área de Recuperação Urbana na denominada Vila Chácara do Banco. Este Projeto,
Srs. Vereadores, já tramitou nesta Casa e, por um cochilo nosso, nós até o
aprovamos, e o Sr. Prefeito Municipal vetou. O Projeto original é de autoria do
saudoso Ver. Valneri Antunes, que, cientificado da falha que o Projeto
continha, uma vez que beneficiava uma outra área, ele mesmo, Valneri Antunes,
acabou votando pelo acolhimento do veto do Prefeito. Eu chamo a atenção da Casa
porque, sinceramente, não tive a oportunidade de ler este Projeto. Mas,
antecipadamente, já começamos a tomar o cuidado para ver se, efetivamente,
transforma em área de recuperação urbana apenas o loteamento existente há muitos
anos neste local, bem como as implicações decorrentes da transformação desta
área em área de recuperação urbana. O que vale dizer, Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, é que, se transformarmos esta área em área de recuperação urbana, e
como o loteamento é particular, me preocupa saber se o loteador atenderá as
diretrizes básicas do Plano Diretor, que versa sobre este tipo de unidade
territorial, a de recuperação urbana. Não basta transformar a área em área de
recuperação urbana. Não basta a lei da transformação. São necessárias as
medidas do loteador para atender às exigências desse loteamento a fim de que os
lotes e as residências, a propriedade ali instalada, que de área rural passa
para o perímetro urbano da cidade, possa ter o seu “habite-se” e o competente
pagamento do imposto predial. Sei do adiantado da hora. A tarde foi exaustiva,
de longos debates, mas nem por isto vamos cochilar diante de um projeto que
pode ter repercussão desgastante para a Casa. Transformar a área em área de
recuperação urbana resolve o problema? Parece-me que não. A área é uma área
rural. Transformar a área rural em urbana, sim. Isto sim. E transformar esta
área urbana em área de recuperação urbana, sim. O que está acontecendo, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores... Eu não li o Projeto, mas é um dos assuntos que
eu gosto muito. Não se tomou o cuidado de alterar o perímetro urbano da Cidade.
Tem que se alterar, exatamente, o traçado urbano de Porto Alegre. Nada a ver
com o perímetro central. Eu me refiro ao perímetro urbano da Capital. Esta área
não está no perímetro urbano; logo, não pode ser tratada como se estivesse.
Eu chamo a atenção da Liderança do PDT e do Ver. Brochado da Rocha que,
eu sei - tanto o Ver. Cleom Guatimozim, quanto o Ver. Brochado da Rocha -, são
estudiosos do Plano Diretor. Eu argumentava, Srs. Vereadores, que está sofrendo
uma alteração uma unidade que não é uma unidade constante do perímetro urbano
de Porto Alegre. É uma unidade do perímetro rural. Para que se aplicasse esta
transformação da unidade “data venia”, eu acho que esta área rural deveria se
incluída no perímetro urbano para sofrer esta alteração.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu não olhei ainda, mas me parece que esta
é uma área intensiva e não uma área rural. Olharei no mapa competente e darei a
resposta a V. Ex.ª. Mas, em todo o caso - V. Ex.ª já me chamou a atenção -,
irei verificar e, posteriormente, poderei prestar a informação devida.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu também afirmei que não
li o Projeto; eu não sei se trata de uma área rural, mas a informação que eu
tenho é de que seria uma área rural. Isto passa a me preocupar, porque, se for
uma área rural, o Projeto que está redigido está equivocado, está errado. É
necessário que se dê um novo alinhamento a esse Projeto, que já trouxe um
transtorno, um desgaste à Casa. Foi aprovado, vetado pelo Prefeito, que “puxou
as orelhas” da Casa. E todos nós devemos ter a humildade de aceitar o “puxão de
orelhas”, acolhendo por unanimidade o Veto do Prefeito. E como tramita agora o
mesmo Projeto, só que de autoria do Ver. Pedro Ruas, passa a me preocupar esta
premissa de o Projeto realmente estar correto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Eu tinha entendido que a Pauta que nos foi colocada para a próxima
sexta-feira estava na discussão de agora. Eu pretendo discutir. Peço para isso
o Tempo de Liderança e abro mão da discussão da Pauta.
A SRA. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta, entramos
em Tempo de Liderança. Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu queria chamar a atenção dos senhores jornalistas que ainda
permanecem nesta Casa. Consta na Pauta da próxima sexta-feira um projeto muito
interessante do Executivo, o Projeto n.º 2632, que propõe novo cálculo para os
salários dos Senhores Secretários e de Diretores de Autarquias. Dei uma olhada
muito rápida no Projeto e me preocupo porque, se vigorarem os valores atuais,
esta Casa vai cometer um ato inconstitucional: esta Casa vai diminuir o salário
do Srs. Secretários. Pretende o art. 1º do Projeto de Lei que os Senhores
Secretários, Procuradores Gerais do Município e Diretores de Autarquias recebam
um terço da remuneração do Sr. Prefeito Municipal, incluída aí a verba de
representação. Então, “stricto sensu”, nós vamos fazer uma coisa
inconstitucional, que é diminuir o salário dos nossos prezados Secretários.
Disse-me um passarinho que também começará a tramitar nesta Casa, na próxima
semana, um Projeto de Resolução que aumentará em três vezes o salário do Sr.
Prefeito Municipal em relação ao que ganha um Vereador, ou seja, que o Sr.
Prefeito Municipal receberá três vezes mais que um Vereador ou um terço do seu
salário será igual ao salário de um Vereador. Portanto, na prática, o projeto
do Sr. Prefeito Municipal aumentará o salário dos Secretários a futuro. (Numa
interpretação do Ver. Cleom Guatimozim que, ao que parece, se aconselha com o
Ver. Werner Becker, que tem uma interpretação altamente dúbia.) Há o aspecto da
absoluta inoportunidade desse tipo de projeto nesta hora, na hora em que até os
Srs. Deputados Federais tiveram vergonha “de se aumentarem” e resolveram manter
seus salários, o que repercute para nós, Vereadores desta Casa, no que penso
que estiveram, uma vez na vida, acertados. É uma absoluta falta de respeito
para com a população a atual legislação, que permite que os senhores políticos
votem em favor próprio para os seus salários (questão para a Constituinte!).
Mas teremos, nos próximos dias, a vingar um projeto da Assembléia Legislativa
de uma interpretação deste Projeto, um salto no salário do Sr. Prefeito
Municipal. E eu tenho curiosidade em saber se o Projeto de Resolução será
assinado pelo atual ou futuro Presidente. Terá ganho três vezes mais do que um
Vereador e, com a aplicação deste Projeto, o Sr. Secretário, além das mordomias
do cargo, passará a receber um terço do salário do Prefeito, ou seja, igual a
um Vereador. Eu alerto que eu já ganhei uma ação popular, embora tenha me
obrigado a voltar da Alemanha para isso, a respeito deste tipo de assunto e não
me custará mover outra, pessoalmente, se for o caso, para evitar tipos de
escândalos destes, sobretudo neste momento. Inoportuna qualquer medida deste
tipo, e, repito uma vez mais, acho que o Sr. Prefeito Municipal ganha mal. Acho
que todos nós estamos de acordo quanto a isso, mas não é através de decisões
ambíguas que se vai tentar resolver o problema. Vamos respeitar a opinião
pública. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Ver.
Cleom Guatimozim, V. Ex.ª tem a palavra.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, acredito que mais da metade da população de Porto Alegre não sabe o
quanto ganha o Prefeito de Porto Alegre: 14 mil cruzados. O Prefeito de uma
capital com mais de 1 milhão e trezentos mil habitantes ganha 14 mil cruzados.
Significa que tem dificuldade para colocar gasolina no seu carro particular.
Quanto a isso o Ver. Antonio Hohlfeldt quer fazer justiça; concorda que ele
ganha pouco. Ocorre, Srs. Vereadores... Quero chamar a atenção, Ver. Lauro
Hagemann... A lei que aumenta os subsídios do Prefeito é votada pela Assembléia
Legislativa e é cogente. Cogente significa que é obrigatória, que não seja
inferior àquilo. Por exemplo, diz que o vencimento dos Prefeitos das cidades
com mais de 300 mil habitantes não poderá ser inferior a três vezes o que ganha
o Vereador. Essa lei quem fez não foi o Prefeito de Porto Alegre. Não foi esta
Casa. A lei é da Assembléia Legislativa, é obrigatória e é cogente. Quando a
lei coage, o cidadão tem que obedecer. É a lei que obriga a fazer. Os
vencimentos do Prefeito Municipal derivam de uma lei cogente - obriga a fazer.
No que se refere aos Secretários Municipais, na realidade, o Prefeito está
baixando em muito os salários. Por quê? Qual é o vencimento mensal do
Secretário Municipal hoje? É 75% da representação do Prefeito. Isto dá,
aproximadamente, 27 mil cruzados. Bem mais do que o Prefeito ganha. Vinte e
sete mil cruzados é muito mais do que o Prefeito ganha. E hoje um Vereador
ganha três vezes mais do que ganha um Prefeito Municipal. Um Vereador desta
Casa ganha três vezes mais do que ganha o Prefeito. Nós, quando desempenhávamos
a função de Prefeito, o que fizemos durante 41 vezes, optávamos pelo vencimento
de Vereador, porque o de Prefeito não dá para viver. Então, em princípio, e
dentro da analogia que fez o Líder do PT, parece que há mesmo uma disparidade. Mas
não foi o Prefeito que aumentou. Ele está cumprindo a lei cogente. E esta Casa
terá que cumprir a lei, pois ela é cogente, ela obriga os Secretários a
ganharem o que ganham os Vereadores. Acho que é medida de justiça. Fui
Secretário durante cinco meses. Saí desta Casa durante cinco meses e senti os
efeitos da mudança de subsídio, do que percebe um Vereador desta Casa e do que
percebe um Secretário, a ponto de os Vereadores não quererem mais ser
Secretários para não terem os seus vencimentos diminuídos. Nesta Casa há um
grande número de Vereadores - não digo todos, pois alguns, pela sua posição
política, não poderiam fazer - que poderiam ser Secretários, mas que agradecem
o cargo, exatamente pelo baixo rendimento mensal. A Mesa desta Casa - e
assinado pelo Ver. André Forster - encaminhará ao Plenário um Projeto de
Decreto Legislativo. Não é um Projeto de Resolução. Esse Projeto de Decreto
Legislativo virá a apreciação desta Casa, e eu pergunto: se a lei é cogente, o
que fazer? Nas cidades do Interior do Estado - e não falo das grandes cidades,
não falo dos grandes pólos de atração do Estado do Rio Grande do Sul - os
Prefeitos ganham muito mais do que o Prefeito de Porto Alegre. Em Uruguaiana,
terra do Ver. Clóvis Brum, o Prefeito ganha três ou quatro vezes mais do que o
Prefeito de Porto Alegre. Lá, o Prefeito abriu mão de 50% dos seus vencimentos
e ainda ficou com 76 mil cruzados. Então, gostaria de colocar aos Srs.
Vereadores que o Prefeito não está aumentando os seus subsídios. A Assembléia
está aumentando todos os Prefeitos do Rio Grande do Sul por esse vencimento
miserável. Só um homem rico pode ser Prefeito, o pobre não, porque ganha uma
miséria. Então, é preferível vender laranjas na frente da Companhia Carris, que
vai obter um rendimento muito maior. E esta Casa votará, também, o teto de
vencimento do funcionalismo, que é o que vai perceber o Secretário. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Com a
palavra, o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores e Sr. Líder do PDT, como é meu estilo de trabalho, volto a esta
tribuna depois de um veemente aparte ao Ver. Antonio Hohlfeldt, com referência
ao episódio do Atelier Livre, o da eleição e da “Medalha do Mérito Educacional”.
E venho à tribuna por uma questão de consciência, Sr. Líder do PDT, eis que,
acreditem ou não acreditem, durante todo o pronunciamento do Ver. Antonio
Hohlfeldt e do meu aparte, não enxerguei, este é o termo, a Sr.ª Secretária
Neuza Canabarro no Plenário da Câmara. De tal forma que, durante todo o meu
aparte, veemente como disse, me dirigi de dedo em riste, sem ofender ninguém,
voltado ao Ver. Adão Eliseu, que estava sentado exatamente na frente da
Secretária. E, ao terminar o meu aparte, visualizei a Sr.ª Secretária, que
jamais teria de mim uma grosseria, porque nem tem mesmo uma tribuna para me
responder. Quero dizer que não retiro uma palavra do que disse sobre o
episódio, mesmo que a Secretária, até agora, não tenha determinado a entrega da
“Medalha do Mérito Educacional” a três professores destacados no Município, não
os tenha encontrado no quadro municipal, e nem tenha determinado a entrega à
Ver.ª Teresinha Chaise e a este Vereador, como ex-Secretário. Não retiro o
termo. Mas, certamente, cometeria uma descortesia, e grande, se não dissesse de
público que não vi a Sr.ª Secretária, porque, senão, inclusive, ter-me-ia
dirigido à própria Secretária no sentido de, localizando-a, saudá-la e dizer
diante dela aquilo que disse, mas que, realmente, no momento, por força até da
veemência, não visualizei a Prof. Neuza Canabarro no Plenário. Voltei do meu
gabinete apenas para fazer este pronunciamento, porque é um pronunciamento de
consciência no sentido de que, não visualizando a Sra. Secretária, poderia ter
sido entendido como descortesia de minha parte e que, se foi, jamais o foi
conscientemente. Quero repetir o que disse o Ver. Antonio Hohlfeldt: jamais
falei no assunto “Medalha do Mérito Educacional”. Só que, quando levantado pelo
Ver. Antonio Hohlfeldt, quero lembrar, isto sim, à Sra. Secretária Neuza
Canabarro que no almoço oferecido pela FESC aos Srs. Vereadores para exame da
questão do projeto de suplementação da FESC, S.Ex.ª ratificou a mim e à Ver.ª
Teresinha Chaise que, certamente, nós receberíamos este título que, segundo o
regulamento, cabe a todos os ex-titulares da Secretaria de Educação e Cultura.
Como disse à Ver.ª Teresinha Chaise, tenho absoluta certeza de que ela merece e
que a medalha não ficaria mal entregue e não desonraria tantos quantos até
agora receberam. Mas quero ratificar no final. Não tive condições, no momento,
de visualizar a Secretária, e como se diz numa linguagem popular, caí do céu
quando realmente estava olhando para a Secretária sem vê-la, num ato tão humano
como aquele que se faz, tentando, diretamente, questionar o Ver. Adão Eliseu,
que estava representando a pessoa que estava sentada ao seu lado e que eu não
tive a oportunidade, no momento, de visualizar.
Portanto, quero escusar-me se foi entendido como qualquer mal-estar para
a Sra. Secretária no sentido de, se com ela não tenho um relacionamento de
companheiro partidário, tenho, isto sim, obrigação de manter com a Sra.
Secretária o bom relacionamento, um relacionamento, acima de tudo, de cortesia
para com a elegante Secretária da SMEC. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB. Ver.
Clóvis Brum, V. Ex.ª tem a palavra.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, quero ser honrado com a audiência e com a assistência do Líder do PDT
nesta breve intervenção em Comunicação de Líder do PMDB. O Ver. Antonio
Hohlfeldt, grande liderança, levanta um assunto sério, entre os tantos que têm
levantado nesta tribuna. O problema é salário de Secretário, salário de
Prefeito. Eu não entendi. Eu não entendi o que o Ver. Antonio Hohlfeldt falou
aqui. Sinceramente eu não entendi. Aumentar o salário dos Secretários e o do
Prefeito? Aí o Ver. Cleom Guatimozim, habilidoso e experiente Vereador, chega
aqui e diz: não, mas é um Decreto Legislativo, etc. Acontece que para mim nem
por Decreto Legislativo. Agora, não! Esta Casa, no mínimo, deve respeito aos
trabalhadores deste País. Está congelado o salário dos trabalhadores? Está
congelado e mal. Por culpa da Nova República? E daí. Assumimos a culpa. Não podia
estar congelado nos termos em que está congelado. O quilo de açúcar congelado
por cima, o salário congelado por baixo. Erro da Nova República, e temos que
corrigir. Agora, falar em aumentar o salário dos Secretários, em aumentar o
salário do Prefeito, convenhamos! O Prefeito não está morrendo de fome. Ele tem
alguns encostos a nível de aposentadoria, daqui, dali, etc.... que dá para
viver. Os Secretários também não estão morrendo de fome. Quem está mal pago,
neste País, é o trabalhador. Se não há aumento de salário para ninguém,
inclusive para esta Casa não há e não deve haver até que se aumente o mais
humilde trabalhador deste País. Se o sacrifício é para todos, é para todos. Não
creio que a Casa deva aprovar qualquer tipo de Decreto Legislativo, ou de proposição
de origem executiva, aumentando salários de Secretários e do Prefeito. Com toda
sinceridade; está ganhando mal o Prefeito? Está ganhando mal. Vamos aguardar o
próximo dia 28 de fevereiro para ver o que acontece. Vamos aguardar alguma
novidade neste sentido. Aprovar, agora, qualquer aumento, ainda que por força
de prerrogativa desta Casa em favor do Prefeito, ou em favor de Secretários,
seria uma desconsideração para com os trabalhadores de Porto Alegre. Que me
perdoe a Liderança do PDT. A maneira de cochichar do Líder do PDT em nada
desanima a minha posição de encaminhar contra e votar contra, porque, Vereador,
as eleições começaram a se modificar nesta Cidade, e, se não abrirmos os olhos,
muita gente boa não volta para esta Casa. Então a coisa tem que começar de
cima. Como é que nós vamos votar um aumento para Secretário, se eles já estão
ganhando bem, eles já ganham igual a um Vereador? Quem é que disse que um
Secretário não ganha igual a um Vereador? O Ver. Cleom Guatimozim laborou num
profundo equívoco! Estão ganhando como Vereador! Existe uma convocação, que eu
não sei como é que eles inventaram lá, e o Vereador sabe; o Vereador foi
Prefeito quarenta e uma vezes nesta Cidade! Ele sabe até a falha da cadeira
giratória do Prefeito. Ele conhece demais esta Cidade e a Administração. Nós
tivemos aí um Pedido de Informações, de autoria do Ver. Frederico Barbosa,
respondido pelo Prefeito Collares: dá mais ou menos trinta e sete e pouco, e
daí para fora. Então não estão ganhando mal. Aumentar agora seria uma
desconsideração para com os trabalhadores, para com os assalariados, que estão
tendo os seus salários nas piores condições para sobreviverem - portanto, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, para qualquer servidor, se assim se pode incluir
os Vereadores a esta faixa. Quando vier aumento de salário para os
trabalhadores, para os funcionários mais humildes desta Casa, do Município, aí
nós vamos pensar em votar a favor daqueles que têm telefone, que têm automóvel,
que têm motorista e todas as mordomias, que são os Secretários Municipais.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, ao final desta Sessão em que se tratou de
tantos e tão variados assuntos, eu gostaria de relembrar um determinado
assunto. E me dirijo agora, especialmente, ao Líder da Nova República nesta
Casa, ao Líder de fato da Nova República. Talvez a minha palavra seja pequena,
mas a atenção e sensibilidade dele poderão ajudar-me mais um pouco com relação
a um assunto que vem chegando despercebido, devagarzinho, na imprensa. Saibam
V.Ex.as com que euforia e satisfação - embora não seja membro do
PMDB - eu votei uma mensagem de congratulação pela nomeação do Dr. Rubem
Ilgenfritz para Presidente Nacional do INCRA. Homem probo, competente,
democrata, progressista, capaz - e deixo ainda a prolixidade e a facilidade
semântica para o Ver. Clóvis Brum, a fim de que complete os outros elogios. O
mesmo ocorreu quando, por proposição da Ver.ª Gladis Mantelli, esta Casa, por
unanimidade, votou congratulações com a Dra. Rejane Brasil Filippi para
Superintendente Regional do INCRA. Todos os adjetivos ditos aqui em relação ao
Dr. Rubem Ilgenfritz são válidos: capaz, eficiente, honrado. E mais do que um
adjetivo, um substantivo. São duas pessoas altamente comprometidas com a
Reforma Agrária. São duas pessoas que, não tenho dúvida, jogaram um patrimônio
de vida, estudo e honradez em relação à Reforma Agrária. Mas essa Nova República
dá pouco tempo para se ficar otimista. Então, logo que saímos, otimistas,
votando as congratulações, nos jornais começaram a aparecer, e através do
porta-voz nacional da Nova República, não tão brilhante quanto o nosso
municipal, dizendo que era necessário extinguir o INCRA porque era um órgão de
corrupção. Este mesmo cidadão teve as maiores proximidades e as maiores
intimidades com a Velha República e quando foi criado o INCRA com aquela sigla,
que dava a impressão, até pelos componentes, de uma instituição nacional contra
a Reforma Agrária, eu não vi desse cidadão e nem do antigo Presidente do PDS,
hoje Presidente da República, nenhuma afirmativa de que o INCRA fosse um órgão
corrupto e obsoleto.
Então, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, será mera casualidade que, no
momento em que forças de pressão popular colocam à testa desse órgão máximo - o
INCRA - gente progressista, compromissada com a Reforma Agrária, se começa a
defender a idéia espúria de que o INCRA tem que terminar porque é um órgão de corrupção?
Ou será que o senhor porta-voz nacional do Presidente da República acha que
Reforma Agrária é sinônimo de corrupção?
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, no fim desta tarde, o meu protesto,
e, mais do que o meu protesto, o meu repúdio, porque, quando as pessoas
vinculadas à Reforma Agrária começam a fazer coisas concretas, a grande
imprensa e os porta-vozes começam a dizer pela primeira vez que o INCRA é um
órgão corrupto. Não há dúvida nenhuma que para a FARSUL e para a UDR Reforma
Agrária e corrupção é a mesma coisa. Peço que a opinião pública seja
esclarecida e que o PMDB traga a esta Casa, ao Estado e à Nação um
esclarecimento. Esta Reforma Agrária da Nova República é brincadeira ou é para
valer? Reforma Agrária é alguma coisa positiva ou é corrupção? Penso que,
principalmente o Dr. Rubem Ilgenfritz e a Dra. Rejane Filipi, precisam
imediatamente dar uma explicação, senão uma resposta dura e violenta a este
cidadão que agora, quando o INCRA parece caminhar para a Reforma Agrária, pura
e simplesmente passa a defender, com os óbices do latifúndio e da grande
imprensa, a extinção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
Por hoje é só, porque tenho certeza de que podem fechar o INCRA, mas
muita gente aqui na Câmara vai gritar e vai berrar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Extraordinária de amanhã, à hora
regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h54min.)
Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 10 de dezembro de 1986.
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